Declarações ao Diário de Coimbra, em que a cabeça-de-lista do PS pelo distrito recupera a possibilidade de autocarros em vez do metro, desencadearam “onda” de protesto
Menos de 15 dias depois de “soltar aos quatro ventos” a «vontade firme» do PS em concretizar o projecto Metro Mondego, Ana Jorge deixou perceber, em entrevista ao Diário de Coimbra publicada ontem, que a implementação de autocarros, sistema de transporte «menos oneroso», pode ser o caminho a seguir para a Linha da Lousã.
Nunca a memória de um candidato terá sido tão curta e tão inábil, na opinião dos defensores da reposição da ferrovia no ramal da Lousã. Ora na nas redes sociais da internet, ora fazendo chegar ao Diário de Coimbra notas de repúdio e de estupefacção, os defensores da reposição da ferrovia no ramal da Lousã pediram a “cabeça” da cabeça-de-lista socialista pelo Círculo de Coimbra. Ou, por outras palavras, que seja o próprio PS a retirar a actual ministra da lista de candidatos pelo distrito.
Ana Jorge não terá “só” esquecido o que disse a 6 de Maio, aquando da apresentação dos candidatos socialistas. Ignorou o valor e importância de uma petição promovida pelo Diário de Coimbra com a indignação de mais de 10 mil pessoas, passou ao lado do movimento que se criou entre os utentes de Coimbra, Miranda e Lousã e, não menos grave, esqueceu a democracia, ao desvendar que o futuro socialista não passa por cumprir uma deliberação da Assembleia da República, tomada há apenas quatro meses. Foram, então, os parlamentares do país, de todos os partidos políticos, a decidir que o projecto Metro Mondego será sobre carris, em ferrovia.
«A culpa é de quem a convidou», lia-se ontem no Facebook, onde os cibernautas foram pródigos neste tipo de comentários. Imposta ou convidada, Ana Jorge vai representar o distrito no Parlamento mas, assegurou Mário Ruivo, o futuro Governo socialista estará lá para cumprir a promessa e garantir a ferrovia. Aliás, garantiu o líder da federação de Coimbra do PS, a defesa da ferrovia é uma posição «inequívoca e intransigente» de todas as estruturas socialistas no distrito.
“Caiu a máscara ao PS”
«Não vale a pena estarem a desviar as atenções do que é essencial», avisou Mário Ruivo, depois de defender Ana Jorge: «pelo que consegui saber, estava a lembrar as diferentes hipóteses que estiveram em cima da mesa», no caso Metro.
A solidariedade política de Mário Ruivo colide, no entanto, com a perspectiva e tempo verbal utilizado pela candidata, dando a entender um horizonte futuro, mas possivelmente próximo: «esse pode ser o caminho a seguir, mas é preciso ver a compatibilização desse tipo de autocarros com os túneis», disse Ana Jorge na entrevista.
Pois é, «caiu a máscara ao PS», observa Marcelo Nuno, ao lamentar que os socialistas andem a «fazer de conta que estão a cortar nas despesas», referindo-se à comissão antigorduras, criada para separar o essencial do acessório e, assim, reduzir custos no projecto de Mobilidade do Mondego. O PS entrou no pagode, critica o líder distrital do PSD, lamentando que só falte um pequeno pormenor - o da compatibilização com os túneis - para se optar pelos autocarros.
«É tempo de mudar de vida e acabar de vez com a mentira e a irresponsabilidade de quem não só não sabe governar como não tem o mínimo respeito pelo povo e lhe mente descaradamente», escreve Marcelo no Facebook.
“Gente sem vergonha”
E se as palavras do líder social-democrata parecem duras, quase se tornam simpáticas se comparadas com as do porta-voz do Movimento Cívico de Coimbra, Lousã e Miranda. Jaime Ramos reclama o direito à «crítica frontal» para apontar a «loucura da Senhora Ana Jorge, o seu espírito antidemocrático e de desprezo pelo distrito e por Coimbra». Invocando a decisão da Assembleia da República, em «que todos os partidos foram unânimes na sua exigência» de reposição de ferrovia, Jaime Ramos classifica a cabeça-de-lista socialista «de persona non grata» e remete para o PS a obrigação de retirar a sua candidatura.
«Se o Partido Socialista a mantiver como candidata mostra que as verdadeiras intenções foram só destruir o ramal da Lousã, garantir alguns milhões a empreiteiros e vender carris a “sucateiros”», resume, ao lançar um desafio aos deputados socialistas que votaram pela ferrovia: «têm de dizer se toleram estas afirmações da Senhora Ana Jorge e se convivem com uma política de gente sem vergonha».
Num discurso igualmente contundente, Fátima Ramos, presidente da Câmara de Miranda do Corvo, vê nas declarações de Ana Jorge «um atentado, um caso de polícia». «Queremos na linha um sistema ferroviário de transporte», sentencia a autarca social-democrata, antes de lembrar que «as pessoas merecem respeito» e que «nenhum Governo tem o direito de destruir, gastar dinheiro de todos nós e a seguir colocar um sistema de transporte pior do que o que existia».
É preciso bom senso, aconselha Fátima Ramos, lembrando que há cada vez mais famílias a viver com dificuldades, o que leva a uma maior necessidade de transportes públicos. O Diário de Coimbra não conseguiu ouvir, apesar das tentativas, João Paulo Barbosa de Melo e Fernando Carvalho, presidentes, respectivamente, das Câmaras Municipais de Coimbra e da Lousã.
Fonte: Diário de Coimbra
21 de Maio de 2011
Escrito por António Manuel Rodrigues
EM DECLARAÇÕES AO DIÁRIO DE COIMBRA
Menos de 15 dias depois de “soltar aos quatro ventos” a «vontade firme» do PS em concretizar o projecto Metro Mondego, Ana Jorge deixou perceber, em entrevista ao Diário de Coimbra publicada ontem, que a implementação de autocarros, sistema de transporte «menos oneroso», pode ser o caminho a seguir para a Linha da Lousã.
Nunca a memória de um candidato terá sido tão curta e tão inábil, na opinião dos defensores da reposição da ferrovia no ramal da Lousã. Ora na nas redes sociais da internet, ora fazendo chegar ao Diário de Coimbra notas de repúdio e de estupefacção, os defensores da reposição da ferrovia no ramal da Lousã pediram a “cabeça” da cabeça-de-lista socialista pelo Círculo de Coimbra. Ou, por outras palavras, que seja o próprio PS a retirar a actual ministra da lista de candidatos pelo distrito.
Ana Jorge não terá “só” esquecido o que disse a 6 de Maio, aquando da apresentação dos candidatos socialistas. Ignorou o valor e importância de uma petição promovida pelo Diário de Coimbra com a indignação de mais de 10 mil pessoas, passou ao lado do movimento que se criou entre os utentes de Coimbra, Miranda e Lousã e, não menos grave, esqueceu a democracia, ao desvendar que o futuro socialista não passa por cumprir uma deliberação da Assembleia da República, tomada há apenas quatro meses. Foram, então, os parlamentares do país, de todos os partidos políticos, a decidir que o projecto Metro Mondego será sobre carris, em ferrovia.
«A culpa é de quem a convidou», lia-se ontem no Facebook, onde os cibernautas foram pródigos neste tipo de comentários. Imposta ou convidada, Ana Jorge vai representar o distrito no Parlamento mas, assegurou Mário Ruivo, o futuro Governo socialista estará lá para cumprir a promessa e garantir a ferrovia. Aliás, garantiu o líder da federação de Coimbra do PS, a defesa da ferrovia é uma posição «inequívoca e intransigente» de todas as estruturas socialistas no distrito.
“Caiu a máscara ao PS”
«Não vale a pena estarem a desviar as atenções do que é essencial», avisou Mário Ruivo, depois de defender Ana Jorge: «pelo que consegui saber, estava a lembrar as diferentes hipóteses que estiveram em cima da mesa», no caso Metro.
A solidariedade política de Mário Ruivo colide, no entanto, com a perspectiva e tempo verbal utilizado pela candidata, dando a entender um horizonte futuro, mas possivelmente próximo: «esse pode ser o caminho a seguir, mas é preciso ver a compatibilização desse tipo de autocarros com os túneis», disse Ana Jorge na entrevista.
Pois é, «caiu a máscara ao PS», observa Marcelo Nuno, ao lamentar que os socialistas andem a «fazer de conta que estão a cortar nas despesas», referindo-se à comissão antigorduras, criada para separar o essencial do acessório e, assim, reduzir custos no projecto de Mobilidade do Mondego. O PS entrou no pagode, critica o líder distrital do PSD, lamentando que só falte um pequeno pormenor - o da compatibilização com os túneis - para se optar pelos autocarros.
«É tempo de mudar de vida e acabar de vez com a mentira e a irresponsabilidade de quem não só não sabe governar como não tem o mínimo respeito pelo povo e lhe mente descaradamente», escreve Marcelo no Facebook.
“Gente sem vergonha”
E se as palavras do líder social-democrata parecem duras, quase se tornam simpáticas se comparadas com as do porta-voz do Movimento Cívico de Coimbra, Lousã e Miranda. Jaime Ramos reclama o direito à «crítica frontal» para apontar a «loucura da Senhora Ana Jorge, o seu espírito antidemocrático e de desprezo pelo distrito e por Coimbra». Invocando a decisão da Assembleia da República, em «que todos os partidos foram unânimes na sua exigência» de reposição de ferrovia, Jaime Ramos classifica a cabeça-de-lista socialista «de persona non grata» e remete para o PS a obrigação de retirar a sua candidatura.
«Se o Partido Socialista a mantiver como candidata mostra que as verdadeiras intenções foram só destruir o ramal da Lousã, garantir alguns milhões a empreiteiros e vender carris a “sucateiros”», resume, ao lançar um desafio aos deputados socialistas que votaram pela ferrovia: «têm de dizer se toleram estas afirmações da Senhora Ana Jorge e se convivem com uma política de gente sem vergonha».
Num discurso igualmente contundente, Fátima Ramos, presidente da Câmara de Miranda do Corvo, vê nas declarações de Ana Jorge «um atentado, um caso de polícia». «Queremos na linha um sistema ferroviário de transporte», sentencia a autarca social-democrata, antes de lembrar que «as pessoas merecem respeito» e que «nenhum Governo tem o direito de destruir, gastar dinheiro de todos nós e a seguir colocar um sistema de transporte pior do que o que existia».
É preciso bom senso, aconselha Fátima Ramos, lembrando que há cada vez mais famílias a viver com dificuldades, o que leva a uma maior necessidade de transportes públicos. O Diário de Coimbra não conseguiu ouvir, apesar das tentativas, João Paulo Barbosa de Melo e Fernando Carvalho, presidentes, respectivamente, das Câmaras Municipais de Coimbra e da Lousã.
Fonte: Diário de Coimbra
21 de Maio de 2011
Escrito por António Manuel Rodrigues
EM DECLARAÇÕES AO DIÁRIO DE COIMBRA